Confira prós e contras no uso do videogame para saúde

Período de pandemia está atrelado diretamente ao aumento de consumo de jogos e gera consequências aos jogadores

Segundo um relatório feito pelos sites Rainmaker e Stream Elements, a plataforma líder do mercado no segmento de stream de jogos, Twitch, atingiu recorde de 12,2 bilhões de horas assistidas pelos usuários, número que representa um aumento maior que 50% em relação ao mesmo período de 2020. Assim, abre-se a discussão sobre  as consequências para os usuários que ficam horas seguidas em frente ao videogame.

De acordo com a psicóloga cognitivo-comportamental Rosana Cibok, o aumento do consumo de videogame “com certeza” aumentou por causa do isolamento social. “Por outro lado, os jogos de computador/games trazem benefícios à cognição e atuam em ambientes que favorecem as relações sociais dos jogadores”. Rosana ressalta que além de unir as pessoas com os mesmos interesses, é possível que haja uma interação pelas salas de bate-papo, em que os gamers compartilham conversas além do jogo. Assim, cria-se uma rede de amizade e cooperação que sai do computador e transforma-se em real.

Além das questões sociais, a psicóloga conta que existem estudos sobre como a prática gamer pode estar atrelada a desenvolvimentos pessoais. “Os jogos exigem um certo nível de concentração e fazem com que os gamers tenham que ter tomada de decisões rápidas, o que estimula o desenvolvimento do raciocínio lógico. Os jogos também podem desenvolver a capacidade de tolerância, pois é preciso paciência para entender e ganhar o jogo”. Rosana completa dizendo que as perdas constantes, aumentam a capacidade de lidar com frustrações.

Apesar de se tratar de uma realidade alternativa, a especialista explica que em alguns casos é possível trabalhar a autoestima, já que os personagens jogáveis possuem poderes e, quando o usuário assume o controle, ele deixa de ser ele mesmo para vivenciar uma outra postura e personalidade, o que pode ser um bom treino para exercer as estratégias interiores. “Mas tudo deve ser na medida certa. O que vimos hoje em dia são crianças e adolescentes deixando o convívio social para viverem seus avatares, sem limites”, alerta a psicóloga.

Malefícios do excesso de videogames

Rosana esclarece que tudo pode ter um benefício, desde que seja feito com moderação. “A prática do jogo em excesso pode sim causar malefícios físicos, psíquicos e intelectuais. Quando falamos em malefícios físicos, observamos a postura corporal utilizada na hora do jogo, pois muitas horas na mesma posição gera danos nas articulações e postura”. Rosana conta que também existem os malefícios comportamentais, quando o usuário consome o produto em excesso, podendo-se transformar em um elemento de exclusão social.

De acordo com a psicóloga, este fenômeno pode ser explicado da seguinte maneira: “todo comportamento que traz prazer leva à repetição. O jogo traz satisfação/prazer, acionando o chamado sistema de recompensa que é o circuito que processa a informação relacionada à estas sensações, liberando a dopamina. Portanto, o gamer tende a repetir o comportamento em busca de mais prazer e satisfação, podendo transformar-se em vício”. E assim, o corpo pode deixar de produzir a melatonina, influenciando na qualidade do sono, fazendo com que ocorra a mudança do ciclo circadiano, afetando o humor e as relações.