Setembro Amarelo: ação serve de alerta para sociedade

Psicóloga explica quais sintomas podem apontar tendências suicidas e quadros de depressão

Esta sexta-feira (10) é  o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. A data é lembrada desde 2003 e chegou a inspirar a criação da campanha nacional Setembro Amarelo. De acordo com os dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o suicídio está entre as três maiores causas nos índices de morte de jovens entre 15 e 29 anos.Além disso, pesquisas mostram que no Brasil cerca de 12 mil pessoas tiram a própria vida todos os anos.

De acordo com a psicóloga cognitivo-comportamental Rosana Cibok, existem indícios que mostram se uma pessoa possui tendência suicida ou quadros de depressão. “Pode ser reconhecido quando se observa uma pessoa que antes tinha um convívio social equilibrado e agora vive sozinha, fechada no quarto, sem apetite, sem conseguir executar suas tarefas e com choro fácil”. A psicóloga ressalta dizendo que um profissional vai saber avaliar corretamente cada paciente, ao levantar todo o histórico para saber o período e a frequência das emoções.

Mesmo que seja possível observar esses tipos de comportamento, Rosana comenta que o ideal é oferecer ajuda para que a pessoa não sofra com casos extremos, como o suicídio. “Em alguns casos, os sintomas são silenciosos levando ao suicídio sem que a família e os amigos entendam os reais motivos. Em outros casos, as pessoas demonstram a tendência através de falas e até de comportamentos, como por exemplo a automutilação”, revela.

Como contraponto, existem medidas ao alcance de todo mundo para evitar gatilhos que proporcionem malefícios à saúde mental. “Falar o que sente e dividir as dores e anseios com o próximo ajudam a deixar a situação mais leve e evitam o disparo dos gatilhos que fazem com que as emoções fiquem entristecidas. Ao falar, também nos ouvimos e alinhamos nosso discurso. Cada vez que falamos, nos escutamos e estamos nos abrindo para as opiniões. Desta forma, temos entendimentos e perspectivas diferentes”. A psicóloga explica que apesar de cada caso ser único, a comunicação é um grande aliado na preservação da saúde mental.

Além disso, em aspectos tecnológicos, também é necessário realizar uma higiene digital. “Muitas pessoas estão insatisfeitas com suas vidas e acabam ‘vivendo’ a vida do outro e quando se dão conta da sua realidade, se entristecem e não percebem o mal que estão causando a si próprios”.  Rosana sugere que as pessoas invistam em uma espécie de “aeróbico do cérebro”, que consiste em ter uma alimentação mais equilibrada, diminuir a ingestão de bebidas alcoólicas, e praticar alguma atividade que traga prazer e conforto. “Assim como a atividade física desenvolve os músculos, a atividade intelectual e social estimula o cérebro prevenindo diversas doenças”, afirma.

A importância de campanhas sociais

Para a psicóloga, a campanha Setembro Amarelo, por exemplo, é muito importante e funciona como uma espécie de alerta. “Muitas pessoas passam por momentos difíceis e não se dão conta que estão no processo de depressão. Sentem-se sem energia, apáticas e sem disposição física para realizarem as atividades do dia a dia e, quando percebem, já estão com tendências suicidas”. Rosana explica que o ato de suicídio acontece em um emaranhado de emoções, e quando a pessoa passa a ter consciência de que ela pode conseguir ajuda por meio das campanhas, o pior muitas vezes pode ser evitado.

Fonte – Leia Já

Confira prós e contras no uso do videogame para saúde

Período de pandemia está atrelado diretamente ao aumento de consumo de jogos e gera consequências aos jogadores

Segundo um relatório feito pelos sites Rainmaker e Stream Elements, a plataforma líder do mercado no segmento de stream de jogos, Twitch, atingiu recorde de 12,2 bilhões de horas assistidas pelos usuários, número que representa um aumento maior que 50% em relação ao mesmo período de 2020. Assim, abre-se a discussão sobre  as consequências para os usuários que ficam horas seguidas em frente ao videogame.

De acordo com a psicóloga cognitivo-comportamental Rosana Cibok, o aumento do consumo de videogame “com certeza” aumentou por causa do isolamento social. “Por outro lado, os jogos de computador/games trazem benefícios à cognição e atuam em ambientes que favorecem as relações sociais dos jogadores”. Rosana ressalta que além de unir as pessoas com os mesmos interesses, é possível que haja uma interação pelas salas de bate-papo, em que os gamers compartilham conversas além do jogo. Assim, cria-se uma rede de amizade e cooperação que sai do computador e transforma-se em real.

Além das questões sociais, a psicóloga conta que existem estudos sobre como a prática gamer pode estar atrelada a desenvolvimentos pessoais. “Os jogos exigem um certo nível de concentração e fazem com que os gamers tenham que ter tomada de decisões rápidas, o que estimula o desenvolvimento do raciocínio lógico. Os jogos também podem desenvolver a capacidade de tolerância, pois é preciso paciência para entender e ganhar o jogo”. Rosana completa dizendo que as perdas constantes, aumentam a capacidade de lidar com frustrações.

Apesar de se tratar de uma realidade alternativa, a especialista explica que em alguns casos é possível trabalhar a autoestima, já que os personagens jogáveis possuem poderes e, quando o usuário assume o controle, ele deixa de ser ele mesmo para vivenciar uma outra postura e personalidade, o que pode ser um bom treino para exercer as estratégias interiores. “Mas tudo deve ser na medida certa. O que vimos hoje em dia são crianças e adolescentes deixando o convívio social para viverem seus avatares, sem limites”, alerta a psicóloga.

Malefícios do excesso de videogames

Rosana esclarece que tudo pode ter um benefício, desde que seja feito com moderação. “A prática do jogo em excesso pode sim causar malefícios físicos, psíquicos e intelectuais. Quando falamos em malefícios físicos, observamos a postura corporal utilizada na hora do jogo, pois muitas horas na mesma posição gera danos nas articulações e postura”. Rosana conta que também existem os malefícios comportamentais, quando o usuário consome o produto em excesso, podendo-se transformar em um elemento de exclusão social.

De acordo com a psicóloga, este fenômeno pode ser explicado da seguinte maneira: “todo comportamento que traz prazer leva à repetição. O jogo traz satisfação/prazer, acionando o chamado sistema de recompensa que é o circuito que processa a informação relacionada à estas sensações, liberando a dopamina. Portanto, o gamer tende a repetir o comportamento em busca de mais prazer e satisfação, podendo transformar-se em vício”. E assim, o corpo pode deixar de produzir a melatonina, influenciando na qualidade do sono, fazendo com que ocorra a mudança do ciclo circadiano, afetando o humor e as relações.